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A Festa…

Antes de mais nada, gostaríamos de agradecer a todas as pessoas que vieram nos recepcionar na chegada do BR800 ontem. Valeu mesmo, foi muito legal chegar e encontrar todo mundo só esperando o Gurgelzinho.

Gostaríamos também de pedir para quem fez vídeos e fotos da chegada do carro, da festa, de qualquer coisa que rolou ontem, mandar para nós no e-mail: danilo_tothl41@hotmail.com

Bom vamos falar do último dia da Saga do Gurgel!

Saimos de São Paulo não muito cedo,  por volta das 11:00 horas da manhã. O Thiago Cordeiro, um brother nosso, nos levou até São José dos Campos. Nota da viagem é que fomos em 3 numa pick-up corsa. Logicamente o Fino foi atrás, todo fudido no banco improvisado! Não preciso dizer que cada vez que avistávamos um carro de polícia era uma puta “zona” para esconder o Fino. Tem vídeo de uma das situações.

Depois de perder o carro no estacionamento. (segundo os presentes, perdemos o carro porque paramos no D2!) Fomos direto para a oficina do Gelson. Com o GPS do iphone não nos perdemos e rapidamente chegamos ao DestinoBR800.

Ficamos um bom tempo na oficina do Gelson. O Thiago “pirou” no Motomachine e no BR800 conversível, modelo criado pelo próprio Gelson. Eles ficaram horas conversando sobre carros. Em um determinado momento, chegou uma senhora para buscar o BR800 dela. O Gelson havia comentando que essa mulher tinha esse carro fazia uns 7 anos.

Pena que neste instante estavamos sem a celular para registrar, mas quando a moça chegou ela gostou bastante do “Gurgelino”, falou que ele estava lindo e tudo mais. A moça queria comprar o meu Gurgel. O Gelson sorriu e falou, pode negociar com esse menino aí, mas dúvido que ele vai te vender, só se ele for louco.

Esse foi o gancho para eu contar a minha história. O Gelson levantou na área e eu entrei de cabeça, olhos abertos mirando para o gol, olhando a bola e a posição do goleiro. Não deu outra. Foi um golaço!

Fiz até a mulher dirigir o Gurgelino para ela ver a diferença, ela adorou a aceleração, e depois do “test-drive” ela pediu para o Gelson deixar o pedal do acelerador igual ao do meu BR800. Conversando com essa moça, ela contou que uns 15 anos atrás ela comprou o primeiro BR800 da vida dela e amou. “Tudo estava lindo, até o dia que…” Ela falou em tom de quem conta uma história e quer criar um clima. Logicamente eu mandei: “Até que?”

“Colocaram um motor de fusca nele” Ela respondeu com a voz desolada.

A senhora falou que depois que colocaram o motor de fusca no BR800, ela não gostou de como ficou, foi pegando raiva, raiva, raiva, até que ficou insuportável dirigir. Era hora de vender.

“Eu vendi por qualquer dinheiro, nem lembro na época, só queria me desfazer do carro, não era mais o meu carro, não é… e falou o nome do cara que eu pressuponho que seja o marido dela”. Ele tentou fugir da história, achou melhor não contrariar e só balançou a cabeça confirmando com um sim sem passar muita convicção.

Depois a senhora falou que ela comprou um gol, daqueles quadradinho sabe? Mas ela não gostou e então passou a procurar outro BR800 com motor original Gurgel. Quando ela achou, levou para o Gelson, para ele olhar e oficializar a compra. O Gelson olhou o carro e falou que ele estava bom, mas que logo logo ela iria ter que fazer o motor.

Passaram-se 7 anos até ela fazer o motor novamente e foi por isso que eu encontrei ela lá.

Quando a senhora foi embora, nós fumamos mais um cigarro com o Gelson e depois fomos embora. Antes de pegar a Dutra, passamos na casa de um grande amigo que temos em comum, o meu chará,  Danilo.

Na casa do Danilão, recebemos um tratamento vip, com suco, comida e muita conversa. Ficamos cerca de 40 minutos que passaram bem rápido. Quando eu estava no segundo copo de suco, a minha mulher liga para mim e avisa que o pessoal já havia começado a chegar para a Festa!

Nos despedimos e seguimos o rumo para São Paulo, não ainda para a Festa, antes eu tinha que passar na casa dos meus pais para mostrar a máquina que eu fui comprar em Salvador. Na viagem de volta o Thiago foi abrindo espaço para o Gurgel até a chegada na Marginal Tiête. Aliás o Thiago pagou todos os pedágios de volta, acho que estou devendo uns R$ 10,00 para ele.

Na Marginal eu segui para a casa da minha mãe, o Thiago foi encontrar com o pai dele. Depois de mostrar o carro para os meus pais, que adoraram o BR800, seguimos para a festa. Nesta parte do percurso eu assumi o volante. O Fino dirigiu o carro na estrada. Quando chegamos a emoção foi grande e na verdade não sabiamos muito o que fazer, a não ser agradecer todas as pessoas presentes e comemorar a chegada do BR800.

A comemoração teve direito a “champanha” e tudo mais.  Não rolou batismo porque o Gurgelino não bebe, o bicho só toma gasolina e mesmo assim insiste em beber pouco, por respeito não desperdiçamos nenhuma gota nele.

Depois várias pessoas pediram para dar um role no carro. Todos gostaram muito do “estado” do carro e elogiaram o “brinquedinho”. A direção foi o quesito mais falado pelos felizardos que dirigiram o BR800. Todos desciam reclamando da proximidade dos pedais e elogiando a leveza da direção.

A festa rolou até umas 4 e pouco da manhã sem nenhuma reclamação dos vizinhos, acho que eles também entraram no espírito da comemoração e ficaram felizes que o BR800 chegou! A eles e todos que participaram desta nossa “SAGA” do Destinobr800 gostaríamos de agradecer muito.

Obrigado!

Hoje ele chega…

É amigo, é teste pra cardiaco! Hoje é o grande dia da chegada do Gurgel. Já conversei com o Thiago que vai nos levar para São José dos Campos e acabei de ligar para o Fino. Ele esta vindo para casa.

Previsão de chegada em São José dos Campos é 13h32m….

Vou tomar café-da-manhã agora e aguardar a chegada do Fino e do Thiago!

Daqui a pouco começam os vídeos no qik e as mensagens no twitter.

Abraço.

Presente…

Cheguei para trabalhar hoje, após almoçar com o João Sales, fundador do “Role do Fusca” e recebo um presente muito especial da Jupira.  Olha como o mundo é engraçado, praticamente uma esquina.  A Jupira a anos frequenta um médico, nunca prestou atenção no sobrenome dele. Até que o dia que falei que iria buscar um Gurgel BR800 em Salvador, ela associou o nome Gurgel, com o sobrenome do seu médico, Dr. Ricardo Amaral Gurgel. Pronto, o seu médico é sobrinho do Engenheiro e tem três carros produzidos pela fábrica. Xef, BR800, Motomachine e um XT 73.

Outra curiosidade, o médico do João Paulo é amigo do Dr. Ricardo Amaral Gurgel, logo ele soube da história tanto pela Jupira quanto pelo Dr. Getúlio, o médico do João Paulo. Que feliz coincidencia não?

Bom, eu estava falando do presente, vamos voltar ao presente: a Jupira chegou hoje e entregou para mim um adesivo original, da época da falência da Gurge, acredito eu,  que o Ricardo guarda com muito amor e carinho com os dizeres: O problema é nosso. A solução também. Gurgel BR 800!  Eu só não vou colocar ele amanhã nos vidros do carro, porque eu não sei o que vou fazer com a fibra ainda, vai que eu coloco no vidro e eu tenho que trocar. Vou esperar um pouco.

Ganhei também um chaveiro, muito louco, lacrado, do Gurgel BR800. Esse sim, vou colocar amanhã no molho de chave, junto com o chaveiro que o Jorge deu para nós.

As fotos estão no twitter…

Valeu a pena…

Uma coisa é fato: Mesmo se o carro não chegasse em São Paulo rodando, a nossa viagem já valeria a pena. Agora que estamos prestes a buscar o BR800 e completar a última etapa do que foi planejado, talvez seja a hora de um breve balanço.

O que eu mais gostei desta brincadeira toda, foi com certeza a possibilidade de mostrar para as pessoas que um dia, um brasileiro acreditou nos seus sonhos e contrariando a todos e a tudo, conseguiu construir um carro 100% nacional. Fazendo as contas rapidamente, na estrada, pelo menos 5 pessoas se surpreenderam com o carro. Vou contar duas passsagens para vocês.

A primeira, foi no dia que pegamos o carro pela primeira vez no Jorge, dia 05 de setembro. Escolhemos dormir em Feira de Santana para no dia seguinte seguir viagem. Quando estavamos chegando em Feira, paramos em um posto de estrada para comprar água, ir ao banheiro e pedir informação. O dono da loja de conveniência do posto veio conversar com nós sobre o carro.

Meio desconfiado ele perguntou:

– Que carro é esse? Nunca vi um assim.

Respondi orgulhoso.

– Gurgel, BR800, o único carro produzido em escala industrial, 100% nacional.

Neste momento eu já abri o capo e mostrei para ele o motor Enertron, e mandei na lata:

-Só tem 800 cilindradas, o motor é 0.8, faz 20 km com 1 litro de combustível.

O dono da loja, milagrosamente, percebeu que nós não éramos da região. Talvez pela extravagancia do Fino, ele arriscou um chute descalibrado:

– Vocês são de Florianópolis?

-Não São Paulo. Viemos buscar  esse carro em Salvador e vamos levar ele até São Paulo, passando por Brasília.

Neste momento, a minha resposta provocou uma interrogação misturada com várias marcas de expressão na face do nosso novo amigo do Posto, que meio sem pensar mandou:

– Vocês são loucos? Esse carro com esse motor aguenta tudo isso?

Sem saber o que eu estava falando, mas com convicção mandei de bate, pronto, sem pulo, como o Diego Souza fez:

– Claro, sem problemas, esse carro é forte, é um tanque!

Falamos mais algumas coisas, compramos água, descobrimos que a assistente do nosso amigo, que não parava de olhar para o Fino também já havia morado em São Paulo, na Zona Leste, estamos nos despedindo para ir embora quando escuto:

– Ei, desculpa perguntar, mas quanto custa um carrinho como este?

– Esse assim? Como esta o meu?

-Isso, um deste, que eu possa rodar por aí e fazer 20km com um litro. É melhor que moto, não toma chuva e ainda cabe 3 pessoas com mala.

– Olha eu paguei R$3.500, em Salvador. Comprei do Jorge, conhece ele? Ele só trabalha com Gurgel, quer o telefone?

– Será que eu posso ligar agora? É tarde?

– Uhm, não sei. Em São Paulo agora é cedo, aqui eu não sei. Mas acabei de falar com o Jorge, acho que ele esta acordado, quer tentar?

Resumo da história?

Ele ligou para o Jorge, acertou de ver um carro, no sábado e nós seguimos viagem. Depois, quando liguei para o Jorge para perguntar se o carro estava o.k, o que tinha acontecido com ele etc. perguntei se o cara de Feira, do posto havia comprado o BR800. O Jorge falou feliz da vida.

-Oxeeeeeee! Vendi sim. Ele saiu daqui todo feliz com o carro!

A segunda história aconteceu na segunda vez que fomos tentar trazer o carro para São Paulo. Já bem no final, quando estávamos quase chegando e o motor parou novamente. No Posto Nacional, conhecemos diversas pessoas, mas vou contar a passagem do “Vermelho”.

Vermelho é um motorista de caminhão jovem, que leva frutas e verduras para o Seasa em São Paulo. O Caminhão dele é um Volks destes novos, todo preto com um sistema de som na cabine que tranquilamente é melhor que muita discoteca por aí. Quem nos apresentou o Vermelho, foi o irmão do Gilson, um mecânico proprietário de um BR800 branco, que nos indicou o Gelson em São José dos Campos. Gilson falou para o irmão.

-Mermão, arruma um caminhoneiro de confiança para levar esses dois e o Gurgel até o Gilson em São Bernardo. Ah, e de preferência de graça!

Depois de um tempo apareceu o Vermelho perguntando.

– Vocês que querem ir para São José dos Campos? Cade o carro?

– Isso, nós vamos deixar com o Gelson, tá tudo certo. O carro é aquele BR800 parado ali na frente.

Mais uma interrogação, desta vez no rosto vermelho!

-BR800? É carro ou moto?

Respondi didaticamente.

– Carro. O único 100% nacional fabricando em produção industrial. Você sabia que o Brasil já fez um carro 100% nacional?

-Não sabia. Eu tinha um fusca 69. Tive que vender para comprar a minha casa lá em Pouso Alegre.

Quando chegamos perto do carro, haviam diversas pessoas em volta. O BR800 foi a história da tarde no Posto Nacional. (Tem vários vídeos no qik). Ele falou com carinho:

– Bonito o carrinho né. É confortavel? Vocês vieram bem?

Respondi com um entusiasmo que ele mesmo percebeu que era mentira:

– Nossa, tranquilo. Beleza. Show de bola.

Ele mandou:

– Mas isso não é um carro para fazer uma viagem dessa né. O que vocês estão fazendo é uma aventura! Mas para a minha mulher levar o “vermelhinho” e a “vermelhinha” para a escola, ir no mercado, acho que esse carro tá mais do que bom! Quanto vocês pagaram?

– R$ 3.500,00

Agora a interrogação piscava em vermelho no seu rosto.

-Só isso? E o carro esta rodando e andou quase 2.000 km? Caramba…

Bom, conversamos mais um monte de coisas até o guincho chegar. Colocamos o carro na carroceria dele e seguimos viagem para São José dos Campos. Durante a viagem conversmos muito sobre carros, estradas, mulheres, rebites, etc.

Quando chegamos em São José e ele conheceu os carros do Gelson, destaque para o Motomachine e para o BR800 conversível, ele ficou louco. Achou muito engraçado, bonito, e ainda falou:

– Nossa é de fibra, se minha mulher bater, é fácil fácil arrumar. E lá em casa a garagem não é coberta. Esse carro é perfeito.

O Gelson ainda falou que os carros que ele faz o motor, no mínimo consomem 22 km/l. Nessa hora o Vermelho pediu o telefone do Jorge.

Ele falou que não costuma fazer nada lá para cima, mas que quando pintasse alguma coisa ele iria ligar para o Jorge, comprar um BR800 e levar até o Gelson para ele fazer o motor. Depois ele iria dar de presente para a sua mulher.

Eis que hoje ele me liga. 11 da manhã.

-Danilo? Aqui é o Vemelho, o caminhoneiro, beleza?

– Fala vermelho, tudo bom? Estamos devendo a camiseta para você né? (respondi sem jeito)

-Pô, manda aí. Eu uso camiseta de posto de gasolina, não vou usar a de vocês? Manda logo!

– Vou falar com o Fino, ele ficou de mandar e não mandou para ninguém ainda. É foda, você sabe como é o Fino né?

– Menino louco ele. Gosta de sair da casinha! e riu…. eu ri também.

-Mas então, fechei uma carga para buscar lá pra cima, liguei para o Jorge, vou buscar um BR800, você também vai querer um?

-Putz, que tesão Vermelho… Eu até queria, mas primeiro vou arrumar esse meu, depois eu vejo. Estou sem grana também. O Jorge fez barato.

– R$ 3.000,00 paus mas precisa fazer o motor, ele queria cobrar mais R$1.000,oo para fazer, eu falei que não precisava, que ia buscar de caminhão. Vou levar no Gelson. Ele também ficou de me passar um cara que precisava de uma carreta, vou tentar trocar o motor por uma ou duas viagens. Vou conversar com ele.

– Caralho, que animal Vermelho.  Respondi todo empolgado.

-Mas escuta, liguei para perguntar se você acha que minha carreta passa na rua do Jorge. Lembrei que vocês falaram que é toda apertada, cheia de carro. Será que rola?

-Putz, certeza que não. Tem um posto na avenida da casa dele. Inclusive lá deve ter o negócio de trocar óleo, para subir o carro, fala para o Jorge encontrar você lá. Fala que foi no Posto BR, onde paramos para abastecer quando ele estava me ensinando a dirigir.

Ele riu…

-Pô Danilo, teve que aprender a dirigir? Que negócio é esse? e riu novamente.

– Coisas do Jorge …. Eu respondi.

Ele agradeceu a força e pediu para enviarmos a camiseta que prometemos. Falou que quando o BR800 dele estiver beleza é para eu e o Fino ir para Pouso Alegre ver.

Quando eu desliguei o telefone pensei:

Porra, essa viagem valeu muito a pena! Que tesão!

Gelson, o mecânico

Ontem recebi um comentário no blog, do pessoal do Clube do Gurgel de Campinas. Eles  falaram do Gelson, o mecânico que esta cuidando do meu carro. Vocês não sabem o alívio que eu senti após ler a mensagem. Quem nos acompanhou durante a viagem, sabe que nossos conhecimentos mecânicos resumi-se a acelerar, frear e passar as marchas na relação que o Jorge, mecânico soteropolitano que me vendeu o BR800, nos ensinou.

Antes de pegar a estrada, fizemos um “role” com o Jorge, para ele ensinar dois meninos da classe média paulista, todos os segredos da relação de marcha no PODEROSO motor Enertron. (Antes das piadinhas dos mais descrentes, gostaria de deixar isso bem claro: SIM, o motor é poderoso, é uma obra prima!)

Neste role eu conheci o barulho do motor Enertron e Jorge ensinou que quarta marcha só depois dos 65 – 70 km/h e que o segredo do carro era não deixar “tremer” (Depois entendi que tremer para o Jorge era não deixar o carro pedir marcha para baixo. Precisou, tem que reduzir!)

Viajamos até o Rio de Janeiro com essa aula do Jorge e mais alguns ensinamentos que pegamos com o Luiz Pereira Bueno, via DuCardim pelo Twitter.  Lembro que o Fino estava no volante e eu estava com o Iphone no Twitter conversando com o DuCardim, que no telefone passava as minhas dúvidas ao experiente, vitorioso e também feliz proprietário de um BR800 Luiz Pereira Bueno.

Já na Dutra quando o motor parou pela segunda vez (a primeira foi no dia 06 de setembro) logo veio a dúvida na cabeça. Putz, novamente vamos parar em um posto e algum mecânico vai chegar com aquela conversinha e vai querer um milhão de reais e falar que o carro esta condenado, etc.

Abro um parênteses agora para dizer: Sinceramente, eu já estava de saco cheio destes mecânicos. Penso até estudar o assunto e abrir uma mecânica, para poder prestar um serviço honesto as pessoas leigas como eu.

Bom, após a parada obrigada na Dutra o destino nos fez parar no Gelson, o mecânico indicado pelo Gilson. (Vou falar novamente. Nome de dupla sertaneja. Eles só não podem gostar da história porque se eles começarem a cantar juntos vamos perder dois bons mecânicos de Gurgel, e isso faz uma falta amigo!)

Quando cheguei na casa do Gelson, conheci pela primeira vez um motomachine e também um Cross BR800 conversível, manufaturado pelo próprio Gelson. Pensei: Nossa, que bom. Agora o “Gurgelino” vai receber o tratamento que merece.

Dito e feito!

Ontem o Gelson ligou e avisou que o carro já estava pronto. Fiquei impressionado porque foi na data combinada. Depois a noite recebi a mensagem do pessoal de Campinas falando que o Gelson era fera, que ele até criou uma peça que resolve o problema de óleo do motor. (Isso ele havia me falado, e fez também no meu carro).

Hoje umas 9:30 o Gelson ligou para mim todo feliz. Parecia criança. Foi mais ou menos assim:

Alô, Danilo? Olha, ontem eu rodei uns 500 km com o seu carro. Nossa menino, ele parece um foguete. Tá que tá. Você vai adorar. O acelerador tá molinho, mas mole que muito carro novo que nada por aí viu. E o motor? Nossa… E tá economico heim. Eu não marquei, mas acho que fez uns 22 km por litro. Agora essa gasolina que você colocou tá batizada heim menino. Só pelo cheiro você já percebe. Como você não viu isso? Tem que ficar esperto.

Depois dele falar tudo isso e mais um pouco, ele deixou eu pronunciar algumas palavras:

– Legal Gelson, e sábado ele vai estar pronto, tudo ok né?

Claro, fica tranquilo o carro esta ótimo, eu até arrumei algumas coisas na parte elétrica dele, para você pegar a estrada com mais segurança. É importante isso né. Não pode sair assim pegando a estrada de qualquer jeito, precisa de segurança. Agora ele esta bonitinho. Aliás, escuta, que horas você vem no sábado.

Meio dia, uma hora, pode ser? Tá bom para você?

Tá, ótimo, pode vir esse horário, vou lavar o carro porque ele esta muito sujo. Vou entregar o carro limpinho para você.

Putz vocês não sabem a felicidade que eu fiquei depois de ouvir tudo isso. Tirei uns 300 kilos das minhas costas. Agora o carro vai chegar e chegar bem. Que bom.

Bom, agora é esperar até sábado… Longas 48 horas!

O Globo

Aviso aos navegantes…

Galera que conheceu nossa viagem agora, gostaria de dizer que no http://www.qik.com/destinobr800 tem um monte de vídeo que nós gravamos durante a viagem.

Jogo rápido porque preciso ir trabalhar.

Uma das 300 ligações que já recebi hoje (Eu pensei que ninguém mais lia jornal impreso) era do Gelson, mecânico que esta refazendo o motor do BR800.

Ele falou que o motor esta pronto e testado. Ontem o BR800 foi curtir um dia em Ilha Bela para dar uma amaciada no motor novo. Hoje ele aperta o cabeçote pela última vez, pois segundo a mística do Gelson, cabeçote do Enertron precisa ser apertado 3 vezes.

O orçamento ficou R$ 300,00 reais mais caro do que o planejado, mas tudo bem, existem coisas que nem MasterCard pode pagar não é verdade?

Agora é trazer ele no sábado, fazer a festa e levar o BR800 em um bom auto-elétrico para arrumar todos os fios soltos e gambiarras. Alguém tem um bom auto-elétrico para indicar?

A longa aventura de dois amigos de Salvador a São Paulo em um estropiado Gurgel BR-800

Publicada em 01/12/2009 às 23h45m

Jason Vogel

SALVADOR (BA)/SÃO PAULO – Era para ser algo simples: comprar um carro na Bahia e descer rodando até São Paulo. Mas, aos poucos, o editor de imagens Danilo Lombardi e o documentarista João Paulo Costa viram-se em meio a um roteiro de road movie: dois jovens paulistas bem nascidos descobrem o Brasil real numa aventura cheia de imprevistos.Tudo começou com uma obsessão nacionalista de Danilo: ter um Gurgel.

– Quando eu era criança, havia uma concessionária da marca perto da minha casa, com o outdoor “Fuja do rebanho”. Um dia, do nada, acabou – conta.

Aos 18 anos, ele ia ganhar um carro de presente do avô. Pediu um BR-800 usado mas, com alguma decepção, recebeu um Ford Ka zero-quilômetro. Passaram-se mais dez anos e o desejo de ter o carro popular nacional hibernou. Até que, em agosto passado, a gripe suína deixou Danilo de molho em casa. Para não morrer de tédio, leu o livro “Gurgel: um sonho forjado em fibra”, biografia do empresário e engenheiro João Augusto do Amaral Gurgel. Pronto: a paixão voltou ainda mais forte.

” Quando eu era criança, havia uma concessionária da marca (Gurgel) perto da minha casa, com o outdoor “Fuja do rebanho”. Um dia, do nada, acabou ”


Pela internet, começou a procurar um BR-800 baratinho. Chegou ao telefone de um mecânico na Bahia que tinha vários. Por R$ 3.500, o negócio foi fechado.

O mais prudente seria transportar o carro de caminhão pelos 2.000km até São Paulo, algo trivial. Bobagem: melhor descer rodando com a caixinha de fósforos sobre rodas! Dos conhecidos de Danilo, só o amigo João Paulo, vulgo Fino, entendeu o espírito da coisa e topou ser o copiloto.

Tecnologia digital no lugar da mecânica

Cegos em mecânica, amigos se armaram de tecnologia digital para pegar a estrada.Fizeram blog, twitter e resolveram filmar a viagem inteira. Tinham também MSN e uma supercâmera de vídeo. Quem sabe não dá um documentário no fim? Pegaram um voo da Azul (“porque os aviões são brasileiros, da Embraer”). Já em Salvador, Danilo teve a ideia de descer até São Paulo via Brasília.

– Queríamos chegar lá para o Sete de Setembro. Foi em Brasília, no desfile de 1987, que o engenheiro Amaral Gurgel apresentou o protótipo do BR-800.

O otimismo dos inocentes no começo da viagem

Em Salvador, a dupla percebeu que as coisas não sairiam como o planejado – e que nem todo lugar tem o mesmo ritmo de São Paulo.Jorge, o mecânico com quem Danilo havia fechado negócio, apresentou três escombros de BR-800 (“escolhe um que eu monto para vocês”).

Apesar de bambas em tecnologia digital, Danilo e Fino são absolutamente cegos em matéria de mecânica de automóveis. Além disso, nunca tinham viajado pelo interior do país.

Confiante no castigado Gurgel, Danilo abusou do motorzinho Enertron, de dois cilindros e 798cm³, com pujantes 32cv.

– Esse doido esticou terceira marcha a 85km/h, para ultrapassar um caminhão – dedura Fino, mais comedido ao volante.

Resultado: após um dia de viagem, luzes de alerta acenderam e o carro foi perdendo potência até parar de vez, no sertão da Bahia. A junta de um cabeçote havia queimado, a água desceu para o cárter e o motor fundiu.

Cada passo era divulgado pelo iPhone e pelo BlackBerry. A essa altura, o número de seguidores da viagem pelo twitter e pelo MSN já havia ultrapassado o universo de conhecidos de Danilo e Fino. A notícia correu e o pessoal que curte automóveis inusitados começou a acompanhar os flashes da dupla.

– Era um monte de palpites tentando ajudar – diz Danilo.

O jeito foi despachar o carro para Salvador. Na volta para São Paulo, a dupla pegou carona com ex-cegonheiro da Gurgel.

– Durante toda a viagem essas coincidências iam acontecendo toda hora. Registramos tudo – conta o dono do BR-800.

Destino BR-800

Não foi um motor fundido que fez a dupla desistir. Para financiar a segunda viagem, os amigos fizeram camisetas do projeto “Destino: BR-800” e venderam tudo pela internet. E, assim, no dia 21 de novembro partiram novamente de Salvador, agora pelo litoral, para uma viagem de 2.200km até São Paulo.

– Passamos a viajar mais devagar e à noite, quando não tem tanta gente nos ultrapassando – diz Fino.

Eles conheceram muita gente pelo caminho. Por uns, foram tapeados. Por outros, ajudados. Na quinta-feira passada, a dupla já estava na Via Dutra, com 16 horas de imagens registradas em vídeo. Faltando apenas 350km para o destino, o motor foi para o espaço novamente.

Aí, outra coincidência: enguiçados num posto em Piraí, os aventureiros encontraram outro dono de BR-800, que indicou uma oficina especializada, em São José dos Campos.

E é lá que o carrinho está sendo recuperado. O serviço deve ficar pronto por esses dias e a festa na casa de Danilo já está marcada para sábado, data prevista para o Gurgel chegar – rodando! – a São Paulo. Será que agora vai? O episódio final desta aventura estará no blog destinobr800

Link: http://oglobo.globo.com/economia/carroetc/mat/2009/12/01/a-longa-aventura-de-dois-amigos-de-salvador-sao-paulo-em-um-estropiado-gurgel-br-800-915010151.asp